8 de setembro de 2011

Mulheres x Cultura

Por Ju


"Pinto, bordo e prego botão.
Ponto cruz me distrai e isso não me faz menos mulher moderna."

Será que porque os tempos mudaram, porque não somos mais daquelas mulheres que ficam na sala ouvindo radio-novela, que não podemos fazer mulherzisses??

Sou contemporânea ao extremo. Não sou mulher moderna não. Mulher moderna ainda está pensando em máquina de lavar, a mulher moderna surgiu na década de 50!

Em tempos de globalização não podemos nos desprender da nossa cultura! Filhas precisam aprender o que as mãe sabem, porque isso já não se ensina mais nas escolas. Precisam saber fazer!! E tempos de mudanças sociais o que nos torna diferentes não é somente a dinâmica, não é somente a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, e fazer dar certo, é a capacidade de dar conta de apreender tudo isso e usar a favor  de nós, por mais tecnológico que seja o mundo, por mais que esses detalhes pareçam insignificantes: significam muito sim!

Não é ser fresca, ou fútil. Nem é perda de tempo. Mulheres que jogam xadrez, que sabem jogar truco, que jogam biloca ou que rodam pião trazem agregados culturais. Mulheres que tocam piano, mulheres que tocam cavaquinho, mulheres que tocam gado tem em si uma cultura agregada, cultura familiar, cultura regional, de vínculos sociais que foram construídos para que houvesse uma educação saudável.

Mulheres que escrevem cartas de amor, mulheres que leem mitologia grega, mulheres que fazem renda, que cantam cantiga de roda, que leem fábulas, que contam causos, mulheres que sabem das coisas são mais interessantes. Nós ensinamos vocês a fazer fita e vocês nos ensinam a namorar, rapazes.

Pra ser mulher contemporânea não tem que ser vazia disso. Isso não é perda de tempo!! Isso é cultura. São atributos importantes, são detalhes, distinções entre Aquela Mulher e uma mulher qualquer. Não podem ser perdidos. Fazer doce não é jogar tempo fora: lavar o mamão, ralar, lavar ele no pano até perder a nódoa, cozinhar no tacho de cobre até ficar em ponto de doce, cozinhar os vidros para lacrar e colocar na mesa a sobremesa, no domingo quando a família se reúne não é errado, errado é não querer fazer! É aprender e não fazer nunca.

Mulher que é mulher mesmo faz doce, faz renda, canta, cozinha, lê, dança, vai a luta, vai a qualquer lugar, sabe conversar com qualquer pessoa, do carpinteiro ao Rei. Mulher que é mulher é meio Gerânio, como canta Marisa Monte, é participativa, pró-ativa, é verdadeiramente viva. Uma mulher que não traz em si cultura, que sabe apenas o que há nos livros de universidade, na mídia, mas que não sabe tradições, não é mulher por inteiro.

Um comentário:

  1. A utopia que nós homens temos de encontrar mulheres assim, é mesma utopia que vocês mulheres tem, de ser assim???

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