Por Ju
Eu não gosto muito de ficar pensando nisso mas...
Mas acho que depois de um tempo o que homens e mulheres realmente precisam é pensar em ter família.
Imagine! Uma casa enfeitadinha com a sua cara e ouvir o barulho do portão abrindo com hora certa, acreditar que a vida tem motivos além dos próprios motivos que a vida já têm.
O barulho com hora marcada pode ser os filhos indo pro colégio, o companheiro chegando pro jantar. Não importa. Contanto que haja barulho com hora constante.
Se pode ter um cachorro nessa história toda? Bem... Estamos falando de família, não é mesmo? Com a condição que ele durma no canil, todos da casa ajudem a cuidar duvido e que não entre em casa em hipótese alguma, pode sim.
Eu imagino bem, uma casa com a frente de tijolinhos, um gramado verdinho e algumas jardineiras. Na varanda uma rede, um balanço e uma mesa de ferro com bancos brancos. Na minha casa não tinha gramado. Mas tinha as outras coisas. (Quero uma caixa de areia também, põe na conta?)
E lá dentro...
Aquele show de rock? Qual? Ah não! Não vou. É que as crianças ainda são pequenas e deixar com meu pai, bem, sabe com é. Um dia quem sabe a gente volte a ter essas regalias da vida, por enquanto, melhor assistir o Dicovery Kids, com segurança, em casa.
Saber que não pode ficar doente. Não pode mesmo! Tem que buscar o pequeno na escola, passar na feira pra comprar tomate, pegar o Sarna no veterinário e arrumar a mala pro final de semana: sim, a mala. Vamos pro rancho da tia-avó-do-amigo-de-um-casal-amigos-nossos. É, as crianças também são amigas sabe como é. Vai ser divertido.
Roupas sujas jogadas no canto do banheiro. Ele sempre faz isso. No canto do quarto também. Não tá suja? Você usou essa aqui ontem. Mas não tá suja e você jogou no canto do quarto? Os sapatos na sala, que você tropeçou? Tirei pra não te acordar quando entrei ontem, você estava dormindo no sofá com as crianças. Tudo bem. Vou arrumar essa bagunça.
Largue o video-game e faça o dever de casa. Saia do computador e vá já para o carro, estamos atrasados pro aniversário do vovô. Ai, céus! ANDA LOGO COM ISSO! Ninguém me ajuda. Pega a máquina fotográfica, temos que fotografar pra colocar na sala. Se tem que sorrir, lógico que tem que sorrir. Está ficando lelé? Aparelho é legal, gente! Sorriso brilhante, deixa pra história. Filhos...
Eu sei, amor. Vamos superar tudo isso. É só uma fase ruim. Tudo bem. Eu? Não faço nada por nós? Você que trabalha demais, nunca está em casa, eu fico sozinha, as crianças tem amigos, eles logo vão pra faculdade. E eu? Nada por nós? Todos esses anos catando a roupa suja no canto do quarto! Não era suja? Aquela camisa azul estava suja sim, de batom. Meu batom? Eu nunca usei aquela cor de batom. (Bate a porta).
Tic-tac. Tic-tac.
Zzzzzz. Oi, tudo bem querido. Eu também te amo.
O balanço? Coloca ele no alpendre. Isso, bem aí... As crianças costumavam sentar-se nele na infância. Agora é nossa vez. Vai ser nossa máquina do tempo. Vamos sentar aqui para nos lembrar dos velhos dias. Lembra do dia que o Sarna fugiu? Eu até fiquei contente, mas quando vi o desespero das crianças, e a vasilha vazia no quintal... Risos. Ele voltou cheio de carrapichos no outro dia. Foi divertido ver as crianças cheias de carrapicho depois de abraçar ele por ter voltado. É, ele foi um bom cachorro. Foi a primeira perda que os filhos tiveram...
Todos esses momentos tem barulhos com hora marcada. Mas são os barulhos inesperados que fazem o tempero da vida. Pensando bem... Me cabe mesmo pensar em ter família, a minha família.
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